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sábado, 4 de fevereiro de 2017

Retrato de homem sentado com África na cabeça

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Tal como Kurt Schwitters, eu também prego os meus quadros. 
Ao contrário porém do grande artista alemão que morreu no exílio (num campo de refugiados, em Londres), eu não tenho qualquer esperança. Nem na Arte, nem no futuro, nem sequer na validade ou préstimo do meu trabalho. Mas isso não me inibe de o fazer.
Os tempos também são outros, embora pareça que se repetem, assustadoramente semelhantes. E não é em farsa. É em comédia, triste e negra. Sem humor nem remissão.

Assim, ainda que embarcado à força numa nave de loucos, vou deixando marcos, testemunhos, sinais exteriores do meu próprio exílio nesta viagem sem volta. Como este homem sentado com África na cabeça, uma composição de 130x94 com tábuas inúteis e velhos sarrafos que me tem ocupado os dias deste inverno.
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4 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

tábuas inúteis?
as árvores te agradecem
teres-lhes dado tão belo
préstimo

velhos sarrafos?
velhos, velhos,
são os trapos

(também ando com África na cabeça!)

Daniel Abrunheiro disse...

Continua. Não há vacilar. Há continuar.

Unknown disse...

Gosto MUITO!

Unknown disse...

UnKnown sou eu, Amélia